Cabo Verde deixou de ser “segredo” para tornar-se uma escolha óbvia a quem procura qualidade de vida com retorno. Clima o ano inteiro, preços ainda competitivos face a arquipélagos europeus, estabilidade e procura turística crescente compõem um terreno fértil para segunda residência e alojamento local. Mas um bom investimento não nasce só do cenário: exige método em localização, segurança jurídica, conta completa de custos, financiamento e operação. Para entender por que o mercado está em alta em 2025, vale ver esta análise complementar em inglês: entenda o impulso do mercado em 2025. Este guia resume o essencial para decidir onde comprar, que tipo de ativo escolher e como fechar com segurança — do CPCV à escritura, da vistoria técnica à gestão profissional que converte chaves em rendimento.
1) Onde comprar: ilhas e microlocalização
- Sal (Santa Maria): praia, vento, alta ocupação no inverno europeu; T0–T2 perto da praia tendem a performar melhor.
- Boa Vista: resorts e natureza brava; varandas/terraços e boa exposição solar agregam valor.
- São Vicente (Mindelo): cultura e vida a pé; procura por apartamentos centrais e workations.
- Santo Antão: trilhas; potencial em boutique e aparthotéis.
- Santiago (Praia & Cidade Velha): serviços e história; estadias lazer/negócios.
Checklist de microlocalização: pé na praia/centro, ruído, sol, estacionamento, estado do edifício, regras do condomínio.
2) O que comprar: tipologias e usos
- T0–T2: liquidez + ocupação no AL.
- Moradias: melhor para uso próprio + exploração seletiva.
- Off-plan: potencial de valorização; contratos mais sólidos e due diligence ao promotor.
3) Enquadramento legal e due diligence
Estrangeiros podem adquirir. A escritura é em cartório; advogado local é altamente recomendável para:
- Validar título e registos, ónus e situação fiscal.
- Rever licenças/alvarás (no off-plan: cronograma, garantias, conta-garantia).
- Redigir/validar CPCV com prazos, penalizações e memória descritiva (acabamentos, estacionamento, arrecadação).
- Confirmar estatutos do condomínio (regras de AL, fundo de reserva, obras).
4) Custos, impostos e despesas recorrentes
Para além do preço:
- ~3–5% em escritura/registos/cartório (varia por ilha e negócio).
- Honorários legais e vistorias.
- Mobiliário e fit-out (Wi-Fi, A/C, eletro, enxoval).
- Seguros (habitação; vida se houver crédito).
- Condomínio e manutenção (limpeza, pequenas reparações).
Boa prática: reservar 6–12 meses de despesas fixas.
5) Financiamento: vias possíveis
- Banco local: análise conservadora, LTV moderado, documentação robusta.
- País de origem (equity/crédito): familiaridade de processo; atenção ao câmbio.
- Developer financing (off-plan): pagamentos faseados; apertar garantias e cláusulas de atraso.
Se quiser comparar condições noutro idioma, esta visão em francês aprofunda o tema: crédito “facile” para estrangeiros (FR).
6) Arrendamento: transformar casa em ativo
Gatilhos de desempenho:
- Pé na praia/centro, Wi-Fi fiável, A/C, varanda/terraço, insonorização.
- Fotos profissionais e listing claro (regras, calendário, resposta rápida).
- Gestão ativa: preços por época, estadia mínima estratégica, comunicação ágil.
Com gestão sólida, brutos de 6–10% são viáveis com planeamento realista de ocupação. Para uma leitura estratégica complementar em inglês, veja também: guia 2025 para uma estratégia vencedora (EN)
7) Riscos e mitigação
- Sazonalidade: diversificar canais (Airbnb/Booking + mid-term nas entressafras).
- Qualidade desigual: vistoria independente; promotores com histórico.
- Localizações remotas: logística e manutenção; validar antes.
- Gestão fraca: SLAs, reporting mensal e metas de ocupação/reviews.
- Câmbio/juros: alinhar moeda de dívida/receita; considerar taxa fixa.
8) Passo a passo de compra
- Definir tese (rendimento vs estilo de vida).
- Shortlist de ilhas/bairros e tipologia.
- Advogado + perito; recolha documental.
- CPCV com prazos/penalizações/entregas; pagamento de sinal.
- Financiamento (ou plano com promotor).
- Escritura em cartório, registo, chaves.
- Fit-out, fotografia, listings no ar e manual de gestão.
9) Checklist final
- Registos limpos; certidões fiscais
- CPCV com anexos e penalizações
- Financiamento/alternativa validados
- Orçamento total (fecho + fit-out + seguros + condomínio)
- Contrato de gestão com SLAs e reporting
- Fotos pro e estratégia de canais
Conclusão
Comprar em Cabo Verde é unir prazer e retorno — quando o processo assenta em lugar certo, papel seguro e operação profissional. Com essa tríade, você não está apenas a comprar metros à beira-mar; está a construir um ativo sólido num palco atlântico estável e ensolarado.
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