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Authorcompraremcaboverde|DateSep 23, 2025

Como comprar um imóvel nas ilhas de Cabo Verde: guia prático e completo

Comprar um imóvel em Cabo Verde é um processo relativamente direto para estrangeiros, desde que se respeitem boas práticas de due diligence e se conte com assessoria local competente. Este guia explica, de forma objetiva, cada etapa: da escolha da ilha e do bairro ao CPCV (Contrato-Promessa), verificação de títulos e registos, cálculo de custos e impostos, preparação da escritura e arranque da operação de arrendamento (quando for o caso). Para entender o contexto macro antes de avançar, vale conferir por que o mercado está em alta em 2025. Este guia resume o essencial para decidir onde comprar, que tipo de ativo escolher e como fechar com segurança — do CPCV à escritura, da vistoria técnica à gestão profissional que converte chaves em rendimento.

1) Decida onde e o quê comprar

Antes de ver contratos, alinhe tese e localização:

  • Sal/Santa Maria: praia, vento, ocupação alta na época de inverno europeu (T0–T2 próximos da praia performam melhor).
  • Boa Vista: resorts e natureza; foco em produtos family-friendly e varandas/terraços.
  • São Vicente/Mindelo: cultura, música e base perfeita para workation.
  • Santo Antão: trilhas e natureza; pousadas/aparthotéis boutique.
  • Santiago/Praia + Cidade Velha: estadias mistas (negócios + cultura).

Quer comparar perfis culturais e de estilo de vida? Veja este comparativo honesto entre Santiago e São Vicente (EN).

Tipo de ativo: apartamentos T0–T2 (liquidez e ocupação), moradias (uso próprio + rendimento seletivo), off-plan (potencial de valorização, maior necessidade de controlo contratual).

2) Estruture a equipa certa

  • Advogado local (indispensável): verifica titularidade, ónus, registos, redige/valida contratos.
  • Mediador/agência: acesso a inventário e negociação.
  • Perito/engenheiro (imóvel pronto): vistoria técnica (estrutura, instalações, humidade/salinidade).
  • Gestor de propriedades (se for arrendar): operação chave-na-mão e reporting mensal.

3) Due diligence jurídica e técnica

Peça ao advogado:

  • Certidões do registo predial e caderneta do imóvel/terreno.
  • Confirmação de propriedade plena, ausência de ónus e situação fiscal regularizada.
  • No off-plan: licenças, alvarás, cronograma de obra, conta-garantia, cláusulas de atraso/penalidades.

Peça ao perito:

  • Estrutura (fissuras, corrosão), canalização, eletricidade, isolamentos (humidade, maresia), caudais de água, ventilação e conformidade das áreas.

4) CPCV (Contrato-Promessa) e sinal

O CPCV fixa preço, prazos e condições:

  • Sinal: percentagem acordada (guarde comprovativos).
  • Condições suspensivas: aprovação de financiamento, obtenção de documentos, prazos de obra (no off-plan).
  • Garantias: multas por incumprimento, retenção de valores, prazos máximos de entrega.
  • Memória descritiva do que será entregue (materiais, equipamentos, lugares de garagem, arrecadação).

Dica: inclua anexos com plantas, áreas e specs; evite ambiguidades.

5) Escritura em cartório e registos

  • A escritura é realizada em cartório; o advogado confere identidades, poderes e documentos.
  • Após a assinatura, procede-se ao registo de propriedade em nome do comprador.
  • Pagamento: normalmente por transferência bancária (comprovativos anexados à escritura).

6) Custos e impostos (estimativa geral)

Planeie além do preço do imóvel:

  • Impostos e emolumentos (escritura, registos): em regra, ~3–5% do valor do imóvel (varia por tipologia e ilha).
  • Advocacia e peritos.
  • Mobiliário e fit-out (para arrendamento): enxoval, eletrodomésticos, ar condicionado.
  • Seguros (multirriscos; vida caso haja financiamento).
  • Condomínio e manutenção (limpeza, pequenas reparações).

Boa prática: crie uma reserva de 6–12 meses para despesas fixas (condomínio, seguros, impostos locais).

7) Financiamento: opções possíveis

  • Banco local: análise conservadora; LTV moderado; exige documentação sólida.
  • País de origem: home equity / crédito imobiliário; atenção a câmbio e indexadores.
  • Developer financing (off-plan): parcelamentos contratuais; reforce garantias e prazos.

Para ver condições e cautelas do ponto de vista europeu, vale esta leitura em francês sobre crédito “facile” para estrangeiros (FR).

8) Se vai arrendar: preparação da operação

Para maximizar ocupação e reviews:

  • Localização a pé da praia/centro; Wi-Fi estável e A/C; varanda/terraço; boa insonorização.
  • Fotografia profissional; listing com copy clara, regras da casa e calendário vivo.
  • Gestão profissional (check-in/out, limpeza, manutenção, resposta rápida).
  • Preço dinâmico (época alta/baixa); estadias mínimas estratégicas.

Em mercados de praia, T0–T2 bem equipados tendem a ter melhor ROT (retorno/tempo).

9) Cronograma realista (exemplo)

  • Semana 1–2: definição de tese/localização e shortlist de ativos.
  • Semana 3–4: due diligence jurídica + vistoria técnica.
  • Semana 5: CPCV e pagamento do sinal.
  • Semana 6–10: preparação de financiamento/documentação (ou developer financing).
  • Semana 11–12: escritura, registos e entrega de chaves.
  • Semana 13–16: fit-out, fotografia, publicação de listings e início da operação.

10) Checklist final (copiável)

  • Advogado e perito contratados
  • Certidões/registos verificados
  • CPCV com prazos, penalizações e memória descritiva
  • Plano de financiamento (ou alternativa) validado
  • Orçamento completo (fecho + fit-out + seguros + condomínio)
  • Seguro multirriscos ativo
  • Gestor de propriedades com contrato e SLAs
  • Fotografias pro e listings publicados
  • Plano de preços por época e canais de venda

Conclusão

Comprar um imóvel em Cabo Verde é unir estilo de vida e rentabilidade — desde que o processo seja metódico: due diligence rigorosa, contratos claros, equipa local competente e números conservadores. Para alinhar execução com visão, complemente com este playbook estratégico 2025 (EN). Ao transformar desejo em plano executável, a compra deixa de ser um salto no escuro e passa a ser um projeto sustentável.